Minha experiência com a terapia cognitiva comportamental

É, faz tempo que não escrevo aqui coisas mais pessoais, mas tô passando por fechamento de ciclos
que quero muito registrar e compartilhar com as pessoas. Dia 26 de Novembro foi um dia um pouco triste pra mim. Eu poderia usar a palavra 'negativo' ou 'ruim', mas tenho aprendido a analisar os acontecimentos em suas nuances positivas e tomar mais cuidado com as palavras. Foi esse um dos aprendizados da minha Terapia Cognitiva Comportamental, que acabou ontem em razão de minha psicóloga ir alçar novos vôos profissionais. Saí da sala com o coração pequenininho, apertado e com um pouco de medo, confesso.

Desde muito nova sabia que deveria procurar ajuda de um profissional na psicologia, por me abalar com algumas circunstâncias familiares ocorridas e saber lidar melhor comigo mesma. A gente vai adiando até a vida dar um tapa na cara, né? No começo de 2014 passei a me sentir muito ansiosa, passando mal por causa de ansiedade mesmo. Comecei a tomar chá de camomila e remédios naturais que acalmavam, como o Valerian e a Marcacujina. Mas com o passar do tempo minha ansiedade foi ficando mais forte e dolorida, dificultando minhas atividades rotineiras como sair, trabalhar ou conversar com alguém. Algumas vezes ao sair de casa me pegava muito nervosa, com a sensação de que algo muito ruim estava pra acontecer, era como se fosse morrer, chorava desesperada sozinha sem saber o motivo. No trabalho, antes de fazer uma matéria, me desesperava com uma pressa, uma agonia que não entendia. Doía o coração e sentia muitas cólicas abdominais, foi uma fase difícil. Já no fim daquele ano procurei uma  psicóloga que trabalhava comigo e pedi pra conversar. Expliquei o que sentia e ela me disse que aquilo provavelmente eram crises de ansiedade. Foi então quando ela me aconselhou a fazer terapia e me indicou uma clínica.

Fui a uma consulta psicológica e gostei tanto que aceitei dar continuidade ao tratamento. A Terapia Cognitiva Comportamental trabalha com a nossa mudança de pensamentos, e em consequência mudam-se também nossas emoções e nosso comportamento, o que faz com que o resultado de nossos pensamentos e ações sejam diferentes do que eram antes. Falando assim parece fácil. É só tentar pensar diferente. Mas tentar mudar o modo que pensamos sobre várias coisas ao longo do dia é muito difícil. Quantos pensamentos nos vem à mente em só um minuto? Se você acorda pensando automaticamente 'hoje é um dia chato, tem tanta coisa pra fazer! Não vai dar certo!', tem que tentar mudar pra o 'tô cheia de coisas pra fazer hoje. Que bom que tenho essa oportunidade de produzir. Vai dar tudo certo!'. Já lemos isso um bocado, no fundo já sabemos que tem que funcionar assim, mas não o fazemos. Acabei por identificar essa como uma das causas das minhas crises. Na verdade era isso e muitos outros pensamentos nocivos acumulados. Havia um grande reservatório de sentimentos como a culpa, o querer agradar a todos, o medo e a impotência. A vontade de fazer com que as coisas funcionem bem e minha desmotivação se chocavam. E aí minha psicóloga fez com que eu descobrisse por mim mesma que eu precisava me livrar desses sentimentos.



E eu estou conseguindo. Me livrei de algumas culpas, entendi melhor os fatos e passei a entender a necessidade de aceitá-los. Passei a ver algumas atitudes minhas que me machucavam como necessárias para o meu bem. Veja só, muitas vezes nos sacrificamos para não sermos vistos como maus ou não fazermos o outro sofrer. No entanto, em algumas situações temos mesmos que sobrepor nossa vontade, se nos fará mais feliz, se é o certo, e se é pra nosso próprio bem e pra o bem do outro. Sempre terá gente pra julgar, até que elas passem pela mesma situação. E no final, meu bem, quem pagará a conta por nossas escolhas somos nós mesmos. Pra que dar tanto ouvidos a opiniões alheias? E esse foi um passo importante pra que eu fosse me libertando de algo que me fazia muito mal: me dar demais pra os outros. 

Antes tinha medo de perder pessoas que eu sabia, no fundo, não terem a mesma consideração comigo que eu a elas. Antes eu falava da minha vida, detalhes, a todo mundo. Pedia conselhos até ao moço da padaria. rs Hoje, além de saber não ter necessidade de me esforçar  demais ou fazer muito pra ter ou conservar pessoas por perto, não sinto nem vontade de falar da minha vida a muita gente. Hoje vejo de outra forma: não posso me vitimizar por eu ter feito e não ter havido retorno, e nem esperar que o outro seja e faça como eu sou ou faria. Isso seria mesquinharia da minha parte, e um pouco de prepotência também. Até porque não sou vítima de nada, quero ser responsável pela minha existência, por quem eu sou e como me coloco no mundo. Isso quer dizer que não posso culpar o outro pelo que sinto, tenho que escolher o que sentir, através do que penso. haha Tá vendo que não é tão fácil? Mas mesmo assim é um ensinamento que muda tudo. 

E com todas essas mudanças de pensamento veio algo maravilhoso, que foi o reconhecimento e o fortalecimento das minhas amizades e laços fortes. Vi através da terapia que tenho pessoas incríveis que me querem bem, que não preciso ir pra festas ou me encontrar com elas pra fofocar, mas que de vez em quando dizemos que precisamos ir um a casa do outro pra matar a saudade e dar um abraço. Isso é tão valioso e confortador. É de verdade, sem ser superficial. Isso nos leva a caminhos de confiança, de parceria, de conforto ao coração. E isso basta.

Gratidão passou a ser uma palavra obrigatória. Não sou ainda perfeita, às vezes esqueço dessas 'regras', erro. Mas fico lembrando que há muito mais motivo pra agradecer a Deus que lamentar. Contemplar a vida é deveras útil pra superar nossos problemas, como olhar cada situação pelo seu lado positivo, como passar a focar mais no fazer a nossa parte que com as atitudes do outro. Eu vi que é preciso ser mais organizada, que escrever tudo, tudo, tudo é surpreendente. Nossa! É tão simples, mas você não tem ideia de como funciona. Principalmente pra quem tem ansiedade. Começar o dia escrevendo tudo que temos que fazer, nossos objetivos pra o dia e até nossos objetivos pra vida. Ajuda a seguirmos e concluirmos cada etapa com calma, ajuda a tirar  nossas metas da mente e começar a torná-las reais passando pra o papel.

Já ouvi muita gente dizer que psicólogo não vai adiantar, só vai ouvir ou pra tudo tem uma solução bonita e que a realidade não é assim. Mas pra tudo há uma solução e a realidade pode ser mais bonita sim. E por experiência que agora já tenho posso afirmar: psicólogo ajuda sim! Me ajudou muito. Muitas vezes cheguei à consulta chorando, desanimada, e fui me dando conta, só por conversar com minha psi, que tinha solução, ou que eu tava vendo de um jeito ruim, ou que dependia de mim ser diferente, e que eu tinha que agir. A TCC funciona inicialmente a partir de sugestões. O profissional vai te levando a entender ou solucionar por si próprio os fatos. Ele não chega e diz o que você tem que fazer, ou julga errado ou certo. Pra mim, só acabou pois ela teve que sair e não quero recomeçar com outro profissional agora. Espero ir eventualmente para consultas mensais ou semestrais com ela. Mudei muito, como ela e meu namorado sempre dizem. E continuarei procurando exercitar tudo que aprendi no meu dia dia e pra vida toda. Há medo de seguir 'sozinha', sem a visita da semana pra entender os fatos, os sentimentos e as decisões. Mas acho que agora é hora de relembrar as sessões e por em prática tudo que vim aprendendo.  E 2016 já vai começar com esse desafio gostoso, de tentar ser melhor e fazer as coisas melhores. Quero falar mais sobre crenças limitantes e assertividade, algo que me marcou muito também durante as sessões, mas faço isso em posts específicos. Vamos seguir!


Dedico esse post e minhas superações a pessoas que de modo especial fizeram e estão fazendo parte do meu tratamento e do meu desenvolvimento: meu pai, dra. Eline Prado, Helry e Carol Prata. OBRIGADA!

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3 comentários:

  1. Estou em tratamento depressivo a 8 meses este artigo eu gostei muito , obrigado

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    1. Oi, Robson! Espero que você melhore logo. Lembre-se que tentar ver o lado positivo das coisas muda muito. Vamos tentar, sim? É difícil, mas depois que você pega o ritmo tudo muda. Um abraço!

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  2. Gostei muito do seu artigo. Me identifiquei com seu relato. Eu sou muito ansioso e me preocupo demais. Além disso, eu tenho fobia social, então qualquer tipo de interação social me causa muito medo e tensão. Falar ao telefone é horrível, passar por uma entrevista de emprego então, é meu maior pesadelo. Sei que as pessoas acham que é frescura, até porque para a maioria das pessoas essas atividades são naturais, mas eu realmente me sinto muito mal por isso. Eu sei que preciso mudar, sei que tenho vários pensamentos distorcidos e crenças limitantes, mas o problema é como mudar? Li a respeito da Terapia Cognitiva Comportamental e vi que é utilizada nesses casos, mas fico um pouco na dúvida se funciona. Por isso comecei a procurar por relatos de pessoas que passaram por esse tipo de terapia, para saber o que eles acham. Um outro problema é em relação ao custo dessa terapia, sei que não é barato, e isso me preocupa. Espero conseguir resolver essa situação!

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